Ano 1000. O povo asteca dá os seus primeiros passos pelo território do atual México. Para chegar ao auge do seu esplendor, o império asteca levou 4 séculos. Dois anos apenas foram suficientes para que desaparecesse. Os astecas e os povos submetidos ao seu domínio não resistiram à invasão espanhola. A organização, a disciplina e a indiscutível crueldade do exército liderado por Fernão Cortez levaram-nos à destruição. Os invasores brancos dispunham de cavalos, couraças e armas de aço. Os astecas desconheciam a raça branca, temiam o cavalo e ignoravam armas metálicas: em pouco, os espanhois extinguiram a civilização asteca, uma das mais ricas da história da humanidade.
O desembarque de Cortez na costa mexicana deu-se em 1519. Em 1521, os espanhóis entraram na atual Cidade do México e executaram o último imperador asteca — Cuauhtémoc. Por vingança aos astecas que os dominavam, e na esperança de sobreviverem, os tlaxcalas e alguns outros povos passaram a colaborar com os invasores vitoriosos. Somente o povo dos méxicos combateu-os ainda por algum tempo, numa desesperada resistência. Embora exterminado, foi perpetuado no nome do país.
A escravidão por "encomienda"
A façanha de Cortez, eliminando uma nação inteira em prazo tão curto, resultou em sua nomeação para os cargos de Governador, Capitão Geral e Juiz Mor da terra conquistada, que recebeu o nome de Nova Espanha, para simbolizar a prolongação da metrópole no além-mar. Dispondo, então, do poder ilimitado, Cortez fez várias doações de terras aos seus companheiros de expedição — as chamadas "encomiendas" — que lhes davam direitos também sobre os indígenas remanescentes dos massacres. Era, em suma, a instituição da escravidão dos povos vencidos. Em troca, os donatários comprometiam-se a converter, educar e proteger os índios. Na verdade, não conseguiram convertê-los, nunca pretenderam educá-los e jamais os protegeram.
Catedral de Tepotzolán. Diversas igrejas no mesmo estilo foram construídas no México pelos espanhóis. |
Nos primeiros anos, a Espanha governou a colônia através de um tribunal de 5 membros: a "Audiência Real". Em 1535, a Nova Espanha foi transformada em vice-reinado, o qual durou até 1821. Neste período governaram sucessivamente 63 vice-reis. Nomeados pessoalmente pelos reis da Espanha, a quem deviam obediência direta, eles exerciam autoridade absoluta e total.
Na fase final do regime de vice-reinado, por volta de 1800, havia na Nova Espanha 900.000 "criollos" (filhos de espanhóis nascidos no México). A população indígena atingia então 3 milhões. O número dos negros (importados como escravos a partir do século XVI) andava pela casa dos 2 milhões. Toda essa gente — perto de 6 milhões — vivia submetida a 15.000 "guachupines" (como eram chamados os espanhóis "autênticos"), que dispunham de todo o poder político e administrativo.
Um ano após a tomada do México por Cortez, os franciscanos chegaram à colônia para catequizar os índios. Com o tempo, a Igreja monopolizou o ensino e a educação. Em 1535, instalou a primeira impressora das Américas e fundou, em 1553, a Universidade do México. Quando o vice-reinado se tornou independente, em 1821, só 30 mil dos seus 6 milhões de habitantes sabiam ler e escrever.
Os bandeirantes do México
Explorar o trabalho escravo de índios e negros revelou-se um grande negócio para os "guachupines", que prosperaram a olhos vistos. Seu poderio econômico, somado à força militar de que dispunham, levou-os a se lançarem à expansão das fronteiras da colônia. Expedições de "adelantados" (que eram uma espécie de bandeirantes) subiram pela costa do Pacífico até onde é hoje o estado do Oregon, nos Estados Unidos. Por outro lado, explorando a costa atlântica, os "adelantados" incorporaram à colônia os territórios de Luisiana e Flórida. Anexaram ainda a área correspondente aos atuais estados americanos da Califórnia, Nevada, Arizona, Colorado, Texas e Novo México.
De repente, em 1807
Durante muito tempo, o domínio dos "guachupines" foi aceito sem discussão e a situação política e econômica da Nova Espanha permaneceu inalterada. Mas o slogan "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", lançado pela Revolução Francesa, começou a correr o mundo. Um sopro de renovação surgiu por toda parte.
Quando, em 1807, Napoleão invadiu a Espanha, depôs o rei e passou a coroa ao seu irmão José, as coisas mudaram também na Nova Espanha. Os "guachupines", que já exerciam o poder, acharam que era hora de ampliá-lo e desejaram liberdade da Metrópole. Os "criollos", que não participavam da política, trataram de reinvindicar igualdade. E o clero usou da fraternidade para melhorar a situação dos índios e mestiços.
Os padres e as revoltas
Em 1810, o padre Miguel Hidalgo reuniu indígenas e mestiços num movimento revoltoso que mobilizou 80.000 homens. Mas os "guachupines" agiram a tempo: Hidalgo foi executado.
Outro sacerdote — José Maria Morelos — liderou uma nova revolta e reuniu um congresso que declarou a independência do México a 6 de novembro de 1813. Os "guachupines" reagiram: Morelos foi executado.
A revolução prosseguiu, mas ganhou novo espírito. Cientes de que já dispunham de uma força respeitável, os índios e mestiços decidiram fazê-la por conta própria. Vários líderes se sucederam e, para derrotar um deles — Vicente Guerrero — o vice-rei enviou Augustín de Itúrbide, um oficial "criollo". Dessa forma, "guachupines" e "criollos" se aliavam contra a revolta dos mestiços e índios. Mas Itúrbide entrou em acordo com os revoltosos e implantou uma monarquia independente, proclamando-se imperador. Seu império, entretanto, durou pouco. Os "guachupines", inconformados com a perda do poder, mobilizaram-se contra Itúrbide, que acabou sendo executado.
1821: obtida a independência do México, o general Itúrbide entra triunfante na capital. |
Instalado o regime presidencialista que ali constituiu uma fórmula imaginada pelos "guachupines" para exercerem o poder através de terceiros — Guadalupe Victoria foi eleito primeiro presidente mexicano. Vicente Guerrero foi o segundo. Menos maleável que Victoria, entrou em guerra aberta contra os "guachupines", lutando contra a Espanha que tentava recuperar a colônia perdida. Deposto por seu vice-presidente, Guerrero foi executado.
O preço da guerra
Os "criollos" constituíam uma classe média dedicada ao comércio e à indústria. Assim, não viam com bons olhos a escravidão: os escravos consomem pouco e não compram nada.
Quando os "criollos" conseguiram abolir a escravidão, em 1835, os fazendeiros escravagistas texanos revoltaram-se contra o governo e pediram a anexação do Texas aos Estados Unidos. O congresso americano hesitou em incorporar mais um estado escravagista à União, que já tinha pela frente o problema das dissensões entre sulinos e nortistas, das quais resultaria a Guerra da Secessão, 25 anos depois. Então, o Texas lutou contra o exército mexicano e, vitorioso, proclamou em 1836 a sua independência. A tensão que se criou entre o México e os Estados Unidos resultou em guerra. Derrotado, o México perdeu 1.338.000 km2 do seu território.
Os breves dias do Império
O fracasso militar e a instabilidade política que se seguiu motivaram repetidas revoltas. O patriota Benito Juarez chefiou uma delas. Sua vitória resultou na abolição dos privilégios militares e políticos, estabelecimento do casamento civil, supressão das ordens religiosas e nacionalização das suas propriedades. Quando Juarez, porém, suspendeu pagamento da dívida externa do México, seus principais credores — Inglaterra, Espanha e França — trataram de intervir. Além das razões econômicas, tinham interesse em obter uma área de influência junto à fronteira norte-americana.
Após sucessivas batalhas, o exército francês de Napoleão III derrotou Juarez. Uma junta de monarquistas mexicanos — remanescentes dos antigos "guachupines" — restabeleceu o império e coroou Maximiliano de Habsburgo, enviado por Napoleão III. No entanto, quando as tropas francesas se afastaram do México, Juarez promoveu um levante que derrubou o Imperador, em 1867. Maximiliano foi executado.
Os longos anos de Diaz
Governos instáveis e muita intranquilidade facilitaram a Porfírio Diaz o estabelecimento de uma ditadura, em 1876. Num governo longo como o seu — que durou 34 anos — alguma coisa de proveitoso teria forçosamente que ser feita, e foi o que aconteceu. O México surgiu como nação no panorama internacional. Mas Diaz expropriou as terras comunais, as massas rurais foram reduzidas à miséria e os grandes latifundiários se tornaram ainda maiores. Os protestos populares sofreram uma repressão violenta e cruel. E a insatisfação cresceu até explodir numa rebelião chefiada por Francisco Madero, em 1910. Reivindicando uma distribuição mais justa das terras, o movimento teve o apoio de dois revolucionários que se tornaram famosos: Pancho Villa e Emiliano Zapata.
As crises do progresso
A revolução de Madero saiu vitoriosa, mas seu líder durou pouco. Um golpe do general Victoriano Huerta o derrubou, e Madero foi fuzilado.
Seu sucessor foi o próprio general Huerta. Por pouco tempo, porém. Ao cair seu governo, também Huerta foi executado.
Francisco Doroteo Arango, guerrilheiro mundialmente conhecido pelo nome de Pancho Villa. |
Venustiano Carranza, que assumiu o poder apoiado por Villa e Zapata, prometera diversas reformas — sobretudo no tocante À distribuição de terras. Uma vez no governo, entretanto, pouco realizou de concreto, além de promulgar a Constituição, em 1917, e o Código Trabalhista, muito avançado para a época. Enfraquecido por crises, seu governo se esfacelou em 1920, e Carranza foi executado.
Coube a Obregon, que o sucedeu, realizar algumas das reformas prometidas por Carranza. Obregon adotou novos critérios para distribuição das terras e disciplinou a exploração de petróleo, o que provocou tensão com os Estados Unidos. Em seu governo, a população rural e indígena passou a merecer atenção. Mas a oposição que se formou era forte e Obregon foi executado.
Enfim, paz
Em 1929, após tanto tumulto e intranquilidade, formou-se um governo influenciado por Calles, que iniciou a reforma agrária e a aplicação das leis trabalhistas, em cumprimento às disposições da Constituição de 1917. Em 1934, Lázaro Cárdenas subiu ao poder e publicou um plano de 6 anos, quee cumpriu e superou. Cárdenas expropriou e distribuiu as terras, nacionalizou as estradas de ferro, ampliou as bases do trabalhismo e reorganizou a estrutura econômica do país.
A partir do governo Cárdenas, pacificado o país, iniciou-se a fase de progresso do México.
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