segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Isaac Newton: Tudo começou com a maçã

Duas vezes a maçã mudou o curso da história. Graças à primeira "abriram-se os olhos de Adão e Eva, e reconheceram que estavam nus". Assim diz a Bíblia. Então o homem descobriu o Bem e o Mal. A outra maçã entrou na história muitos milênios depois: no século XVII. Ao cair da árvore, despertou a curiosidade de Isaac Newton: assim começou uma das grandes revoluções da ciência moderna.

Isaac Newton
Isaac Newton

"Por que caiu a maçã?", perguntou-se Isaac Newton. "Ninguém lhe deu impulso para que caísse. Ninguém a jogou ao solo. Estando madura, desprendeu-se da árvore, está certo. Mas isso não significava, em absoluto, que devesse cair, por si só, sobre a Terra. A não ser que algo a impelisse para tanto. Mas o que?" Partindo desta pergunta, chegou à descoberta de uma das mais importantes leis científicas, chamada "lei da gravitação universal". Se a maçã — e todos os outros corpos — caem à Terra sem que possuam qualquer velocidade inicial, então a Terra deve ter uma força de atração que os obrigue a cair. Mas esta força de atração não seria idêntica à que mantém a Lua em órbita ao redor da Terra? E o Sol não seria também capaz de exercer a força de atração, para manter a Terra e os demais planetas ao seu redor? E, no fundo, não haveria uma força de atração mútua entre todos os corpos, a qual dependeria de suas massas? Agora sabemos que é assim. Mas naquele ano de 1666, Newton foi o único homem a perceber a lei fundamental que seria básica para a compreensão de vários fenômenos — antes inexplicáveis — que ocorrem no nosso Universo. Tinha então 24 anos.

Da cátedra universitária ao jogo na Bolsa

Três anos depois, Newton tornava-se catedrático da Universidade de Cambridge. Ser professor universitário aos 27 anos de idade é fato raro até hoje. No século XVII, sua nomeação foi considerada até escandalosa. Alheio ao rebuliço causado pela pouca idade, Newton dedicou-se a pesquisar os raios luminosos. Chegou à conclusão que a luz é o resultado do velocíssimo movimento de uma infinidade de minúsculas partículas emitidas por um corpo luminoso. Hoje sabemos que esta teoria, chamada corpuscular, é verdadeira, embora não seja a única que explique o fenômeno da luz. Mas naquela época poucos conseguiram entender o alcance das ideias do sábio. Ao mesmo tempo, Newton descobriu que a luz branca resulta da mistura das sete cores básicas.

O número de pesquisas e descobertas de Newton é muito grande. Inventou um novo sistema matemático: o "cálculo infinitesimal"; aperfeiçoou a fabricação de espelhos e lentes; fabricou o primeiro telescópio refletor; descobriu as leis que regem o fenômeno das marés — e isso foi extremamente útil à Inglaterra, cujas atividades econômicas dependiam da navegação marítima. Assim mesmo, ainda dispunha de tempo para jogar na Bolsa. Baseando-se no cálculo das probabilidades, conseguiu, em pouco tempo, acumular a fortuna de 32 mil libras esterlinas. Lembrando que naquela época a libra esterlina valia muito mais do que a atual.

O caminho para a imortalidade

Os ingleses acharam que um talento assim não poderia ser desperdiçado: a rainha Ana nomeou-o diretor da Casa da Moeda. Newton então fortaleceu a moeda e reergueu o crédito nacional. Isto também foi importante para um país cuja economia baseava-se no comércio com o exterior. Em 1705 a rainha outorgou a Newton o título de "Sir". Foi o primeiro cientista a receber tal honra. Contudo, esta ascensão à nobreza em nada modificou a simplicidade de Isaac Newton. Quando louvaram a sua atuação científica, respondeu: "Não sou mais perspicaz que os outros: sei apenas raciocinar com paciência".

A mais célebre maçã da história da ciência: a sua queda motivou em Newton a ideia da gravitação universal.
A mais célebre maçã da história da ciência: a sua queda motivou em Newton a ideia da gravitação universal.

Foi eleito duas vezes membro do Parlamento; foi presidente vitalício da Sociedade Real, que congregava os mais célebres pensadores do seu tempo; foi sócio correspondente da Academia francesa de Ciências.

Atacado em 1725 por pneumonia e a seguir pela gota, ainda por dois anos exerceu  atividades intelectuais. Morreu a 20 de março de 1727, aos 85 anos. Seus funerais foram grandiosos: seis nobres membros do Parlamento inglês carregaram o seu ataúde até a Abadia de Westminster, onde repousa até hoje. Personagens ilustres da época vieram do mundo inteiro para chorar a morte do sábio. Logo depois, foi-lhe erigida uma estátua, em Cambridge, com os dizeres: "Ultrapassou os humanos pelo poder de seu pensamento".

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