segunda-feira, 23 de maio de 2022

Nobel: Paz e Dinamite

Todos os anos, no dia 10 de dezembro, a atenção do mundo se volta para a distante Estocolmo, capital da Suécia. Ali, nessa data, são entregues os mais importantes prêmios internacionais dos tempos modernos: os prêmios Nobel de física, química, medicina, literatura. E — respeitável entre todos — o prêmio Nobel da paz.

Dez de dezembro é o dia em que morreu, em 1896, o sueco Alfred Bernhard Nobel, o homem que inventou a dinamite, mas que também sonhava com um mundo sem guerras. Usou sua fabulosa fortuna para ajudar as organizações pacifistas do seu tempo e, antes de morrer, deixou seus bens (31 milhões de coroas) a uma fundação, para que premiasse, anualmente, cinco personalidades de destaque mundial da ciência e da cultura. Nobel queria que esses prêmios ajudassem a promover a compreensão e a amizade entre as nações.

A medalha de ouro oferecida aos vencedores do Prêmio Nobel
A medalha de ouro oferecida aos vencedores do Prêmio Nobel. Os prêmios são destinados às pessoas que realizam contribuições no campo da ciência e da literatura, e a causa da paz.

Do petróleo ao laboratório

Nobel morreu riquíssimo, mas ao nascer, a 21 de outubro de 1833, em Estocolmo, sua família era pobre. Alguns anos depois, porém, seu pai, modesto agricultor, resolveu tentar melhor sorte: estudou engenharia militar e saiu-se brilhantemente na nova atividade. E a tal ponto, que em 1842 foi convidado pelo governo russo a trabalhar na construção de engenhos militares e a dirigir a abertura de estradas estratégicas. O velho Nobel aceitou e partiu para a Rússia com toda a família: mulher e os filhos Robert, Lwdwig e Alfred.

Valeu a pena ter ido: em pouco tempo, a família já possuía jazidas petrolíferas em Baku, ao sul da Rússia, e os filhos puderam ser educados por professores particulares. O pai não deixou de perceber o peculiar talento de Alfred e logo mandou-o passar um ano nos Estados Unidos, onde trabalhou com Johan Ericsson, um engenheiro sueco.

Foi um ano bem aproveitado: Alfred voltou inventor de renome e capacidade, para dirigir a exploração do petróleo de Baku. Mas, no fundo, não era isso que queria; sua ambição era fazer experiências com explosivos, que mal se conheciam naquele tempo. E, um dia, a família regressa à Suécia: um sonho está para virar realidade.

A invenção da dinamite

Alfred e seu pai montam um pequeno laboratório de pesquisas em Helenborg, perto de Estocolmo, e começam a trabalhar num líquido novo e perigoso, capaz de explodir com o simples aumento de calor ou à menor agitação. Era a nitroglicerina.

Em pouco tempo, Alfred descobriu um jeito eficaz de provocar a detonação dessa substância. Mas teve que pagar um preço trágico pelas experiências: uma explosão mandou pelos ares todo o laboratório; várias pessoas morreram — entre elas, um irmão de Alfred. Por causa do acidente, o pai teve um ataque apoplético que o deixaria paralisado pelo resto da vida.

Agora só, Alfred continua o trabalho, instalando fábricas de nitroglicerina na Alemanha e Noruega. Mas os acidentes não cessam: a fábrica da Alemanha pega fogo; um navio explode no Canal do Panamá; mais explosões nos Estados Unidos e na Austrália. Os governos começam a ficar preocupados e tomam providências para prevenir novos desastres: a Bélgica e a França simplesmente proíbem a fabricação da nitroglicerina em seus territórios; a Suécia impede seu transporte; e a Inglaterra restringe severamente sua utilização. Tudo fazia crer que Alfred perdera seu tempo.

Mas, finalmente, entre 1866 e 1867, Nobel resolve o problema, acrescentando à nitroglicerina certas substâncias absorventes, de modo que se torna possível armazená-la e transportá-la sem riscos: só explodiria mediante um detonador especial. Nobel batizou o produto, sob nova forma, de dinamite (do grego dynamis, que significa força). Para o povo, tinha outro nome: " a pólvora de segurança de Nobel".

O invento permite-lhe multiplicar suas fábricas. Em 1875, é dono de centros produtores de dinamite em todos os países da Europa e nos Estados Unidos. E continua a pesquisar. Seus estudos levam-no a outra invenção de importância: a balistite, uma pólvora não fumarenta, derivada da nitroglicerina. Patenteada em 1887, logo foi usada pela maioria dos países para fins militares.

Juros para a paz

Nobel sabia muito bem o que isso queria dizer. E embora viajasse com frequência, falasse muitas línguas, fosse rico e respeitado, era um homem solitário (nunca se casou) e pessimista: entendia que seus inventos não ajudavam a acabar as guerras; muito pelo contrário. Assim, começou a gastar parte de sua fortuna, financiando movimentos pacifistas. E determinou que, após sua morte, uma fundação patrocinasse, anualmente, com juros de seu imenso capital, a entrega de cinco prêmios — um dos quais especial, a quem contribuísse de maneira mais notável para a paz entre os homens.

Quem escolhe os vencedores dos prêmios de física, química, medicina e literatura são várias entidades suecas; a decisão sobre o prêmio da paz cabe, no entanto, a uma comissão de cinco pessoas indicadas pelo parlamento da Noruega. Os cinco prêmios são iguais: uma medalha de ouro, um certificado e 10 milhões de coroas suecas em dinheiro. E, o que importa, a fama e o prestígio no mundo inteiro. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário